domingo, junho 17, 2007

o telhado

A paz.
O azul celeste comendo o horizonte, o algodão das nuvens onde parece ser possível caminhar descalço, a soberba de um humano quando desafia a razão da gravidade.
A paz.
O mundo pequenino lá em baixo, as luzes amarelas que de noite parecem rios de lava incandescente. Belos, nós que criamos isto. Ele descansou ao sétimo dia, e nós moldamos o rosto do solo onde nos deitou.
A paz.
Aqui onde o ar é gélido e o oxigénio se torna um parente distante, o Tempo pára bafejando-nos o destino. Os elementos sorriem com ar trocista a afronta. Que a eles seja entregue a nossa sorte, cada dia é o ultimo antes do próximo.
Noção de efemeridade sempre presente, nunca deixo morrer a consciência de que tudo o que possa deixar para trás se torna imutável depois de cada descolagem...torna-se urgente caminhar sem sombras, sublimar a importância de estar vivo aqui, com todos vós.
A paz.
Não espero encontrar respostas a 30.000 pés de altitude. Mas esta paz em forma de nuvem algodão preenche-me com uma calma clarividente. Por todas as ruas em que virei sem a certeza de um rumo, por todas as vozes que carrego cá dentro em jeito de canção de amigo, pelo teu olhar menina, pelos que me trouxeram ao mundo, sorrio. Em cada recanto deste céu telhado sorrio pelo privilégio de vos ter.
Jamais palavras vos descreverão o que é ter o escritório com visão de deus menor...


posted by P.A., 8:32 da tarde | link | 4 comments |