segunda-feira, abril 27, 2009

Kanimambo!





Está aquele calor húmido, africano, tenho uma Laurentina que acompanha o fumo do cigarro...perco-me. Desde que cheguei, há meio dia, que o tempo me corre atípico para esta terra, aqui onde tudo parece dançar noutras cores. Consigo parar um pouco, neste jardim perdido no meio de Maputo, arranjado de mais para Maputo. Cidade velha, enraizada num passado ditado por outras gentes, que ainda cá estão, entenda-se, mas como loucos presistentes e não como gloriosos imperadores. Observo as restantes mesas da esplanada em busca de identificar o meio, a origem das conversas, o segredo dos silencios. Vejo alguns estudantes sempre agarrados ao telemovel (incrivel a dependencia do moçambicano com o mesmo), vejo dois ou tres brancos (dois deles nordicos, destacados unica e simplesmente pelo olho azul e cabelo claro, porque os outros traços do norte - a frieza perde-se nesta terra - já não os distingue) vejo "mamãs" sentadas ao longe, debaixo das arvores com os seus alforges, namorados amiude perto do laguito sem qualquer tipo de vida... A luz está a morrer e ninguem altera o seu ritmo, ninguém se apressa para chegar a casa, ninguem deixa de parar para falar com o seu irmão. Pois que sim. Aqui o somos todos. Há uma certa aura de cumplicidade com a terra, a côr avermelhada de rijeza e o odor forte a tudo o que é vivo cria laços entre aqueles que aqui sobrevivem.
- " Então e para mim, pá? " - respinga uma voz longe do meu devaneio poetico em forma de esplanada... Eis que ele já terminou a venda, já estão entregues os 80 kilos de garoupa como se de uma décima parte de sardinhas se tratasse, mar fértil para os audazes, este. Sempre alerta, sempre com energia a rodos, há quem nos julgue familia pela semelhança física. Sujeitos desantentos, claro está, pois julgo ser muito mais alto...
Frase bala, conhecimento empedernido de vida, de fura-vidas, de toureiro de oportunidades, é um homem do mar, um mitra do Miratejo em África. Em paz, finalmente. Assim o sinto.
E é vê-lo rodeado de pequenos herois, o Rafael, o Nuno e a menina ainda tão menina Ana Maria.
E é vê-lo de olho brilhante a erguer a sua loja, o seu sonho, - " O resultado de 25 anos de caça! "- diz-me de alma cheia. Estórias mil, perigos outros tantos, sementes daquilo que está ainda para recordar. Como se cada dia fosse uma aventura...
Acabamos rapidamente as Laurentinas porque hoje ainda há muito para fazer . Amanha às 5h da manhã estou a voar para Lisboa, mas levo este sabor a renascimento, como se estivesse estado mais proximo daquilo que sou. Foi de facto uma aventura encontrar mais um irmão que estava longe...e levo um pouco dele para todos os outros que prometem vir dar-lhe um abraço, e partilhar a sua estoria cheia de sal.
África dá-nos nome.


p.s. A paixão aqui
posted by P.A., 7:39 da tarde | link | 0 comments |

quinta-feira, abril 16, 2009

Mia Wallace´s secret


- Why do we feel it's necessary to yak about bullshit in order to be comfortable?
- I don't know. That's a good question.
- That's when you know you've found somebody special.
When you can just shut the fuck up for a minute and comfortably enjoy the silence.
posted by P.A., 11:29 da tarde | link | 0 comments |
Marta.
Vais ser Martinha ainda que não o tenhas ouvido. Estás no conforto de todos os começos, a tua viagem ainda nem sequer tem horizonte, mas quem te viu disse-nos que tinhas os bracinhos abertos...como se nos quisesses receber.
Verás como ser a primeira tem todo a importância, não há amor como o primeiro, dizem...
Querida Marta.
Quero dizer-te que já abordo cada curva com atenção redobrada, que a mota já não flui pelo trânsito como um jogo de computador onde sou heroi. Quero ser o teu. De capa de cor garrida, de nome pomposo e sempre indestrutivel, ou como tu quiseres.
A vida dá-nos dimensão sob os mais estranhos eventos, e tu apareces agora, para me mostrar que já não posso ter esfera. Desenhaste em mim (fantastico feito para quem ainda nem sequer nasceu) uma linha nova, que me interrompe como ser fechado. Já não sou ultimo, pois nunca te poderei deixar só.
Vais ver-me como um dos grandes, daqueles que afirma verdades que seguirás, daqueles em que as certezas parecem estudadas empíricamente, a irritante forma de luz a que chamam de experiência. Se eu te dissesse o quanto tenho medo...
Sinto os cabelos brancos a nascerem por ter mais uma mulher na minha vida, mas és a primeira, menina, a primeira que vou amar incondicionalmente. Vais sorrir com sorriso de criança feliz, e eu vou crescer tanto...
O mundo está à tua espera Marta.


"Vamos?...sem medos, vá...o tio ajuda-te."
posted by P.A., 10:24 da tarde | link | 0 comments |