sexta-feira, agosto 04, 2006
um desenho escrito
Não sei desenhar. Nunca soube. A inépcia que existe entre o que quero pôr no papel e o que a minha mão desvela é por demais gritante para me aventurar em tais artes. Consigo no entanto embeber-me dessa sensação. Observar e ler-te os contornos, deixar todas as minhas células imbuirem-se de ti e fazer fluir toda a luz que transportas...e deixar que essa me percorra desde os olhos até à ponta dos dedos.
Desenhar-te-ia a carvão, claro. Sou honesto com a incapacidade de existir alguma côr real (venha o mais perfeito lápis) que fidelize esse azul com que fitas o mundo. O carvão descobre as sombras, traça as linhas sério na sua sobriedade, é justo, cru, capaz de jogar no contraste do irreal.
Poderia ser capaz de te desenhar de olhos fechados, poderias até nem estar presente. Vives neste interior, morei em cada forma e curva pronunciada, e enquanto o fiz decalquei cada imagem para não perder, para não me perder, para não morrer, para não deixar morrer.
E agora a mão que não treme acolhe o lápis que desfia os cabelos soltos, desce pela linha do maxilar que marca o rosto, suave, sem brusquidões nem intempéries, e queda-se nos olhos. Se Dalí num acesso de irascibilidade dissesse que os teus olhos são impossiveis de desenhar, eu dar-lhe-ía um abraço de confortável cumplicidade. Mas o lápis cria o que exala de mim. Ultrapassa-me. Transfigura-me. Dá-me sentido.
Nos labios finos a certeza de um beijo imortal entre um começo e um fim. Fugirão para um sorriso, sempre. Nesse mar de desejo que é o teu pescoço a alegria de um fluir de linhas torna-se tão explícita que o próprio acto de te esboçar se torna num frenesim erótico. A cada voluptuosa curva que a minha mão descreve dou graças a Deus por te ter, Mulher. Por cada pormenor que marco no papel com a minha alma nas mão, dou graças a Deus por ser teu.
Assim repousarias em tons de amor e carvão sombreado.
Se eu soubesse desenhar...
Desenhar-te-ia a carvão, claro. Sou honesto com a incapacidade de existir alguma côr real (venha o mais perfeito lápis) que fidelize esse azul com que fitas o mundo. O carvão descobre as sombras, traça as linhas sério na sua sobriedade, é justo, cru, capaz de jogar no contraste do irreal.
Poderia ser capaz de te desenhar de olhos fechados, poderias até nem estar presente. Vives neste interior, morei em cada forma e curva pronunciada, e enquanto o fiz decalquei cada imagem para não perder, para não me perder, para não morrer, para não deixar morrer.
E agora a mão que não treme acolhe o lápis que desfia os cabelos soltos, desce pela linha do maxilar que marca o rosto, suave, sem brusquidões nem intempéries, e queda-se nos olhos. Se Dalí num acesso de irascibilidade dissesse que os teus olhos são impossiveis de desenhar, eu dar-lhe-ía um abraço de confortável cumplicidade. Mas o lápis cria o que exala de mim. Ultrapassa-me. Transfigura-me. Dá-me sentido.
Nos labios finos a certeza de um beijo imortal entre um começo e um fim. Fugirão para um sorriso, sempre. Nesse mar de desejo que é o teu pescoço a alegria de um fluir de linhas torna-se tão explícita que o próprio acto de te esboçar se torna num frenesim erótico. A cada voluptuosa curva que a minha mão descreve dou graças a Deus por te ter, Mulher. Por cada pormenor que marco no papel com a minha alma nas mão, dou graças a Deus por ser teu.
Assim repousarias em tons de amor e carvão sombreado.
Se eu soubesse desenhar...
posted by P.A., 4:00 da manhã
2 Comments:
commented by Anónimo, 12:12 da tarde
o tacto. é assim que se desenha. esfumando a pele na ponta dos dedos.
texto maravilhoso.
texto maravilhoso.
Escrevendo assim podes desenhar o mundo inteiro. Tenho a certeza que vai ficar um quadro/livro lindo.
Continua