segunda-feira, julho 10, 2006

A garrafa de coca-cola

Penso já ter abordado este tópico anteriormente. Em boa verdade, acho que à medida que vou ganhando milhas de convivência com estas coisas apelidadas de humanos mais tenho a certeza de que já me questionei sobre este dilema deveras pertubador.
Porquê para mim azul e para ti verde? Que vejo eu a mais ou tu a menos? Será um toque freudiano que me adultera a cor de tal modo que apenas concebo a possibilidade de a observar assim, ou será mera teimosia de ambos em não admitirmos que ambos poderemos ver o mesmo mas sob perspectivas diferentes? E isso é ver a mesma coisa?
Os indianos que estão sujeitos a emboscadas de tigres usam na nuca umas máscaras que simulam uma face de olhos bem abertos porque diz-se que este animal nunca surpreende uma presa que os fite de frente. Qual é a perspectiva correcta? A do tigre que vê a presa afastar-se olhando para ele, ou o camponês que vira as costas ao perigo, correndo o risco de não lhe prever os movimentos?
Consigo absorver o conceito de que cada pessoa é um mundo, mas então o subsistir das sinergias emocionais que nos envolvem não pode resumir-se a química. Tem de existir uma comunicação e entendimentos paralelos que nos unam e nos façam percorrer o mesmo caminho.
Eu toco-te. Tu tocas-me. A garrafa de coca-cola cai do céu largada de um avião e a partir desse momento o recipiente da água suja do capitalismo transforma-se num sinal divino para um simples pastor perdido no meio de África. Eu toco-te. Tu tocas-me.
posted by P.A., 3:09 da manhã

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