terça-feira, março 28, 2006
Muros
Começa-se por utilizar uma escova de palha de aço para limpar a poeira e a humidade enamorados pelos elementos. Com algum esforço, a superfície fica despida dos despojos da passagem do tempo, aparece nua e pronta para uma nova realidade. Cada poro, cada canto mais recôndito é meticulosamente vasculhado, não vão ficar assuntos mal resolvidos. A partir daí abre-se a lata de nova vida e mexe-se a tinta. Várias vezes, para ter a certeza que coágulos de dúvidas não impregnem a nova máscara. Depois vem o rolo, embebido em branco e charmoso na sua forma de acariciar a parede, uma e outra vez, para cima e para baixo, para um lado e para o outro. Agora que seque. Que se habitue à sua nova condição e se prepare para mudar pois as manchas ainda se vêem e o mundo está à espreita. Mais uma vez o rolo e está pronto. Branco imaculado e muitos anos de presença forte e segura.
Passo agora a explicar o porquê de uma entediante descrição da pintura de um muro. Porque ao ter este herculeano trabalho comecei a fazer analogias com um ser humano a transformar-se e a mudar para melhor. Se calhar afeiçoei-me à estupida parede, ou então estou mesmo a ficar maluco. Mas vejamos. Um muro é uma entidade física imutável (a não ser que seja destruido) e nós também o somos. Se na sua superfície lhe povoarmos as mazelas, as irregularidades, até mesmo os buracos, vemos que também nós as temos na nossa personalidade (criadas por inerência ou por factores de vivência), e que a renovação da sua pintura não é mais do que uma recriação do seu estado original. Uma renascença portanto. O novo brio não esconde o passado que o marcou, mas a pureza da côr dá-lhe ânimo para mais uns anos de resistência.
Porque é de isso que se trata...somos todos muros erguidos por alguém que tinha um grande plano.
Passo agora a explicar o porquê de uma entediante descrição da pintura de um muro. Porque ao ter este herculeano trabalho comecei a fazer analogias com um ser humano a transformar-se e a mudar para melhor. Se calhar afeiçoei-me à estupida parede, ou então estou mesmo a ficar maluco. Mas vejamos. Um muro é uma entidade física imutável (a não ser que seja destruido) e nós também o somos. Se na sua superfície lhe povoarmos as mazelas, as irregularidades, até mesmo os buracos, vemos que também nós as temos na nossa personalidade (criadas por inerência ou por factores de vivência), e que a renovação da sua pintura não é mais do que uma recriação do seu estado original. Uma renascença portanto. O novo brio não esconde o passado que o marcou, mas a pureza da côr dá-lhe ânimo para mais uns anos de resistência.
Porque é de isso que se trata...somos todos muros erguidos por alguém que tinha um grande plano.
posted by P.A., 10:50 da tarde
2 Comments:
Boa analogia... E assim surge um Homem Novo!
commented by Anónimo, 5:53 da tarde
É de facto uma boa analogia. É necessário remover os restos de tinta ultrapassada e, voilá, uma tela refrescada para inventar um novo fresco, de preferência recheado de texturas e cores.