sexta-feira, janeiro 19, 2007

para a minha irmã...

A tua voz ecoa como um sopro na minha alma quando canto só.
Procuro a minha guia, o deslumbre dos trinados e requebros, o som cristalino que trespassa tudo em que toca. Cabeça levantada para o alto, anunciando um amor em tão bem cantar.
Saudades tenho. Tenho sim. Das longas viagens (com o mundo lá fora, a correr nos vidros) onde queimavamos o tempo em uníssono, perdidos em poemas de outrora, embalados num transe tão próprio...nosso.
O meu orgulho perdura, nessa garganta-coração, nesse ruido-doce.
Será que ainda fechas os olhos para buscar a tal nota?
Será que em tempo de silêncios fechas os olhos para o som não sair?
A quem pedes agora licença para soltares os teus fados, ou que fado te prende a alma?
Quero ouvir-te de novo. Quero que te ouças de novo.
A minha exigência fundamenta-se na certeza do infortúnio de quem nunca teve esse privilégio, e não, não é preciso cantar bem para saber escutar, um dom aprecia-se sem invejas ou ciumes, e para sentir...é preciso saber amar.

Abre o peito e não pares mais.
posted by P.A., 11:26 da tarde

2 Comments:

Querido maninho, tens saudades de me ouvir cantar? Podemos cantar sempre que quiseres, está bem? Sabes se calhar a saudade que sentes e eu também, é das vivências de que seremos para sempre cúmplices.Estamos a abrir outros capítulos da vida, naturais para toda a gente, mas cabe-nos manter o laço forte, que nenhuma força desata. Somos agora adultos e com as nossas vidas a decorrerem, mas comungamos do mesmo alimento espiritual, e como é normal, partilhamos coisas únicas de irmãos, que bom que é! Pronto, já sabes que temos melodias só nossas, e mais cantigas ainda por cantar. É assim, a nossa alma tem muitos cantinhos...
Beijinhos da irmã
commented by Anonymous Anónimo, 10:16 da tarde  
tão íntimo q nem ouso entrar...
commented by Blogger colher de chá, 7:29 da tarde  

Add a comment