domingo, agosto 26, 2007
Volto aqui cabisbaixo. Volto com o sentimento de culpa de quem tem saudades das cocegas das letras ao soltarem-se debaixo dos dedos...das palavras a surgirem da pedra cinzenta, das borboletas ideias a desenharem o que sonho e não digo...escrevo.
Tempos sem tempo que atravessei, anos luz de decisões, compromissos e mergulhos na luz, onde o destino se quedou na minha frente como se algo de transcendente estivesse latente. Estive surdo. Surdo de mim como porta cá para dentro. Que se soltem agora as mágoas, os sentimentais trejeitos de quem viveu tanto, as explosões de euforica comunhão com tudo o que me completa e faz feliz, tudo desde que seja forte e grande, pois assim se cria o vento em que bolinam as minhas fúrias produtivas.
Agora tenho sim direito às frases feitas, às ideias pré concebidas, desde a prosa fantasiada à poesia incoerente...
Que se soltem as palavras de novo
Sem promessas
Sem tempos infindos ou muros cheios de vozes
Mais uma vez em teu nome
Sempre em teu nome.
Porque os grandes amores são vistos de um miradouro banal de olhar perdido no passado,
metadinha serás.
mil vozes
Ligo o deserto à cidade das colinas, sete dizem eles, ligo rotinas e desconfortos, ligo fugas e rebeldes gritos de ipiranga nesta sociedade sem tempo. O sul explana-se nas minhas cores, vermelho sangue...já seco pelo sol. Não acreditando em deuses menores deixo-vos a todos caminharem pelas àguas sem profecias ou mandamentos ou povos para liderar, deixo-vos existir apenas. E canto. Não são as tágides que cantam, sou eu. Sou as vozes de todos os que ousam brincar aos Jesuses.
Vão ouvi-la. Vão ouvir-nos. O silêncio nunca será desculpa quando passarem debaixo da velha senhora com nome de revolução.
LINHA
São praias encaixadas entre rochedos que encontram o mar, uma estrada que o namora, são tios e tias e as suas mansões e carrões, é a vida vivida com o luxo de quem a pode viver, é a minha margem sempre como pano de fundo, são os cheiros novos, o vento que sopra de maneira diferente, a distância dos que me criaram (o amor que se descobre na ausência), a novidade de uma liberdade há muito desejada, a conquista de um novo espaço todos os dias.
Uma nova forma de amar polvilhada de bolas de sabão.