segunda-feira, junho 05, 2006

...engenharia das palavras...

No meio dos grandes centros consumistas existem pequenos oasis (normalmente têm siglas como nome e fazem parte de uma cadeia francesa) para aqueles que querem encontrar modos comuns de olhar o mundo. Partilhas, vá.
Num encaixotado cubo castanho perfiguram-se três personagens sentadas numa mesa azul. A plateia espera ouvir falar de poesia. Estranha conjuntura se adivinha deste cenário, os curiosos que passam e se quedam na atenção interrogam-se nas expressões dramáticas como "detesto a engenharia das palavras", ou "não gosto muito de adjectivos", alardeadas pelo Sr Poeta de comprido cabelo grisalho.
Ao meio, entre o editor e o Sr Poeta, está a imagem doce e cândida de uma meninez inacabada, de uma ternura tímida e misteriosa. Aqui apresentava o seu mais-que-tudo ao mundo, e via-se que lhe queria bem.
Ao meu lado, um okupa de barcelona, um viajante na Índia e tocador de citara, um futuro colega no mundo dos voos, diz-me que a conheceu em Paris. Brilha-lhe o olhar quando desvela que ela já lhe dedicou um poema.
Dentro de mim vejo um livro cheio de sonhos e palavras criadas do nada, a vontade de as agarrar e trinca-las de fome, a audácia de tocar as pessoas e esboçar desenhos dando a cada qual o seu próprio pincel.
Aprendi isto... permitam-me.
Um livro de poesia não se lê, visita-se. E sempre em nova morada.



A não deixar de visitar: "Prefloração" de Catarina Nunes de Almeida
posted by P.A., 9:54 da tarde

1 Comments:

visitarei. :)
commented by Blogger colher de chá, 12:43 da manhã  

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