terça-feira, março 07, 2006

Petrolheads

Ok. Já percebi esse riso trocista. Achas que a máquina é velha mas até tem piada, não é? Se calhar até pensas que anda qualquer coisa, mas não o suficiente para queimar o teu diesel comercial com barulho de tractor de quinta. Então ´bora lá...mostra-me do que és capaz. Passagem para 3ª, assentar o pedal no tapete até queimar o vermelho e vamos embora. A goela abriu, o ruido do carburador aberto faz-se soar no grito rouco do escape...there´s no turning back, the race is on. A meio da ponte entra o kick do baixo de Faint. Mais alto, Mais rápido, Mais adrenalina nas veias, estou completamente em êxtase, passagem rápida, o menino não descola. Todas as trajectórias roçam os limites da loucura, vale tudo, isto é a minha pista e aqui não há comtemplações. Não há trânsito nenhum (são 4 da manhã) e os poucos carros que existem são meros pontos luminosos que apenas servem como pontos de referência para a proxima linha de passagem. 185 km/h e muitos decibeis acima do razoável (o baixo já entrou na minha frequência cardíaca) apanhamos o primeiro curvão...calma, concentra-te...o muro está lá para saberes que a travagem tem de ser bem feita, senão a traseira vem ter contigo. Merda. O puto é bom..ou louco. Não se cortou a entrar rápido na curva do forum portanto deve conhecer isto bem. Não interessa, na próxima rotunda estou por dentro - WWWEEEEEEEE!! Carro por todos lados, deriva às quatro, isto é lindo!! Na subida seguinte a força do diesel permite-lhe passar-me...e que sorriso, ele está a alucinar tanto quanto eu...Mais uma rotunda, entrada na variante, coladíssimos, recorro á caixa para recuperar força e aí vai o coupé velhote com os dois oscares orgulhosamente ligados como quem anuncia á estrada que ainda está bem vivo. Chego à rotunda das estátuas com medo de terminar a brincadeira da pior maneira...estou com aquela louca e persistente impressão que isto pode acabar mal. Olho para o espelho e vejo-lhe os máximos e os quatro piscas enquanto vira noutra direcção. Tinha acabado. Apetece-me gritar a plenos pulmões enquanto faço o caminho para casa.
Nós homens gostamos dos nossos brinquedos. Cumplices com a máquina. Gostamos de extravasar os limites do razoável só para conseguir aquele friozinho no estômago quando o motor grita. E os pneus chiam. E a caixa corresponde com um pontapé nas costas. E o asfalto torna-se um tabuleiro de jogo de frieza, concentração e demência.
posted by P.A., 1:51 da tarde

1 Comments:

Vê mas é se tens juízo!!!
commented by Anonymous Anónimo, 12:58 da manhã  

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