terça-feira, abril 25, 2006
Emigrantes da Manus
Fazem parte das estórias. Foram vividas por eles. E nas que não presenciam são sempre referenciados com um se-ele-aqui-estivesse-faria-isto-ou-diria-aquilo. E partiram. Estão longe num país onde o sol se intimida perante o politicamente correcto dos modos e das maneiras. Estão longe das preocupações de sobrevivência quotidiana que muitos de nós gostariamos de chamar de materialismos. E partiram. Gosto de lhes perscrutar o olhar quando afirmam não mais voltar, mesmo depois de dizerem que se aqui obtivessem o que lhes é oferecido lá fora, seriam apenas mais uns satisfeitos resingões neste canto de mundo. Quando chegam, não existe o desconforto da ausência, não há qualquer tipo de pejo nas demonstrações de afecto e acho que é assim que se passa nas grandes familias...como se nunca tivessem partido. Os dias cumprem-se na certeza de que os momentos são efémeros, mas a cumplicidade flui transparente e cristalina. Este tipo de reencontros dão-me a certeza de que distância não é mais do que o caminho mais curto para a descoberta das coisas verdadeiramente importantes. Como uma boa gargalhada partilhada em noite prazeirosa numa praceta igual a tantas outras...e os musculos da face não têm tempo de descontrair porque vem aí outra que começa sempre - "e lembras-te quando..."
Lembro-me, sim. E criaremos outras, sempre que nos virmos. Serão isto raízes?
Lembro-me, sim. E criaremos outras, sempre que nos virmos. Serão isto raízes?
posted by P.A., 11:36 da tarde