domingo, junho 11, 2006
7 razões por não ter escrito mais cedo.
a imagem da lua cheia a nascer por detrás do avião parado como quem descansa.
o sorriso da menina já senhora que me enuncia todas as viagens que já fez e que isto não é novidade para ela, corrigindo até os meus estapafurdios cálculos de fusos horários.
os loucos russos que queriam ir a pé até ao avião e tirar fotos a tudo, acabando por se despedir de mim com um caloroso aperto de mão e confidenciando-me (um deles) que quando viessem de casa trariam mais dois passageiros...os filhos.
o vai-vem dos carros na placa, autocarros, shutles, follow-me´s, escadas de acostagem, abastecimentos, limpeza, catering, vagões de bagagem, manobradores de aviões...e tudo com a sincronia de um formigueiro prestes a ir para a guerra contra um clã vizinho.
aqueles labirinticos caminhos onde tudo se vê, desde o mais perdido dos seres ao verdadeiro conquistador dos céus (aquele espaço é o seu domínio), o palmilhar de quilómetros torna-se uma rotina determinada e cronometrada ao segundo.
o velhote francês que me mostra um maço de bilhetes e não quer largar o passaporte com medo que este tenrinho objecto engravatado lhe roube a sua unica garantia de ser quem diz.
os veteranos colegas que nos guiam, culpabilizam, acarinham quando dizemos pela décima quinta vez nesse dia "desculpe lá a pergunta parva, colega, mas comecei ontem sabe...", olham de revês quando se apercebem da iniciativa própria de quem quer aprender tudo o que for possível, que nos retribuem o cumprimento com aquele...aquele olhar cheio de revivalismo que lhes faz lembrar o porquê de gostarem tanto deste mundo.
Sim. Porque, e não me canso de dizer, é de um mundo que se trata. Que mais não fosse pelo facto de ali se consumarem todas as elegâncias do acto de viajar, existem também muitas viagens interiores. Eu que o diga. Hoje fui surpreendido ao aperceber-me que me ria sem nenhuma espécie de auto-controlo...tinha desculpa.
Fim de tarde, a tal luz mágica em que a lua nasce, os monstros alados agora silenciados na placa, a aerogare lá ao fundo escondendo o seu burburinho interior naquelas luzes difusas, completamente sozinho (de check-list na mão e colete amarelo fluorescente por cima do fato) no stand J06 à espera do TP619 vindo de Bruxelas.
Ele aí está. Enorme e poderoso cruzador de horizontes azuis.
Aparece primeiro o berrante follow-me que lhe indica o estacionamento, sai de lá um louco com uns auscultadores nos ouvidos e uns sticks luminosos com que gesticula frenéticamente, os reactores diminuem o ruido ensurdecedor, colocam-se os calços nas rodas e as escadas acostam às portas. O autocarro já aí está? Okapas. Let the rush beguin.
Tinha desculpa para me rir que nem um PArvo. Estava ali e fazia parte daquilo. E sozinho...só eu e o meu corpo carregadíssimo de adrenalina.
o sorriso da menina já senhora que me enuncia todas as viagens que já fez e que isto não é novidade para ela, corrigindo até os meus estapafurdios cálculos de fusos horários.
os loucos russos que queriam ir a pé até ao avião e tirar fotos a tudo, acabando por se despedir de mim com um caloroso aperto de mão e confidenciando-me (um deles) que quando viessem de casa trariam mais dois passageiros...os filhos.
o vai-vem dos carros na placa, autocarros, shutles, follow-me´s, escadas de acostagem, abastecimentos, limpeza, catering, vagões de bagagem, manobradores de aviões...e tudo com a sincronia de um formigueiro prestes a ir para a guerra contra um clã vizinho.
aqueles labirinticos caminhos onde tudo se vê, desde o mais perdido dos seres ao verdadeiro conquistador dos céus (aquele espaço é o seu domínio), o palmilhar de quilómetros torna-se uma rotina determinada e cronometrada ao segundo.
o velhote francês que me mostra um maço de bilhetes e não quer largar o passaporte com medo que este tenrinho objecto engravatado lhe roube a sua unica garantia de ser quem diz.
os veteranos colegas que nos guiam, culpabilizam, acarinham quando dizemos pela décima quinta vez nesse dia "desculpe lá a pergunta parva, colega, mas comecei ontem sabe...", olham de revês quando se apercebem da iniciativa própria de quem quer aprender tudo o que for possível, que nos retribuem o cumprimento com aquele...aquele olhar cheio de revivalismo que lhes faz lembrar o porquê de gostarem tanto deste mundo.
Sim. Porque, e não me canso de dizer, é de um mundo que se trata. Que mais não fosse pelo facto de ali se consumarem todas as elegâncias do acto de viajar, existem também muitas viagens interiores. Eu que o diga. Hoje fui surpreendido ao aperceber-me que me ria sem nenhuma espécie de auto-controlo...tinha desculpa.
Fim de tarde, a tal luz mágica em que a lua nasce, os monstros alados agora silenciados na placa, a aerogare lá ao fundo escondendo o seu burburinho interior naquelas luzes difusas, completamente sozinho (de check-list na mão e colete amarelo fluorescente por cima do fato) no stand J06 à espera do TP619 vindo de Bruxelas.
Ele aí está. Enorme e poderoso cruzador de horizontes azuis.
Aparece primeiro o berrante follow-me que lhe indica o estacionamento, sai de lá um louco com uns auscultadores nos ouvidos e uns sticks luminosos com que gesticula frenéticamente, os reactores diminuem o ruido ensurdecedor, colocam-se os calços nas rodas e as escadas acostam às portas. O autocarro já aí está? Okapas. Let the rush beguin.
Tinha desculpa para me rir que nem um PArvo. Estava ali e fazia parte daquilo. E sozinho...só eu e o meu corpo carregadíssimo de adrenalina.
posted by P.A., 12:51 da manhã
3 Comments:
commented by colher de chá, 12:53 da tarde
Vejo que tudo corre bem, nesse mundo novo.. E fico feliz por te ler assim!
commented by 3:22 da tarde
,
Dá-lhe com tudo, goza a adrenalina e aparece pra contar os pormenores! Jinhos
É uma espécie de dimensão paralela à que vivemos.
Consegues sempre transformar o mais banal em maravilhoso. Que fórmula é essa?
Nos teus textos, até o colete fluorescente se transforma em capa de super-herói!
sorrisos para ti :)